Pensamentos sobre a escravidão (parte V)




Autoria: John Wesley


Talvez vocês digam: “Eu não compro negro algum; eu apenas uso os que foram deixados por meu pai”. Até aí, tudo bem; mas isso é suficiente para satisfazer a própria consciência de vocês? Tinha o pai de vocês, têm vocês, ou qualquer homem vivente, o direito de usar outro como escravo? Não pode ser, mesmo colocando a Revelação de lado.


Não pode ser, que mesmo a guerra ou contrato, possam dar a algum homem tal propriedade com relação ao outro, como ele tem com suas ovelhas e gado. Muito menos é possível que algum filho de Deus, ou do homem, possa nascer, alguma vez, como um escravo. Liberdade é o direito de toda criatura humana, tão logo, ele respire o ar vital; e nenhuma lei humana pode privá-lo desse direito que ele obtém da lei da natureza. Se, entretanto, vocês têm alguma consideração à justiça (para não dizer nada de misericórdia, nem da lei revelada de Deus), devolvam tudo o que lhes é devido.


Deem liberdade a quem a liberdade é devida, ou seja, para cada filho do homem, para cada participante da natureza humana. Não permitam que alguém os sirva, a não ser por seu próprio acto ou acção, por sua escolha voluntária. Joguem fora todos os chicotes, todas as correntes, toda a coação! Sejam gentis, para com todos os homens; e vejam que vocês invariavelmente fazem a cada um deles, como vocês gostariam que eles fizessem a vocês.


Oh! Tu, Deus do amor, tu que amas a todo o homem, e cuja misericórdia está sobre todas as tuas obras; tu que és o Pai de todos os espíritos de todas as carnes, e que és rico em misericórdia a todos; tu que tens unido com um só sangue todas as nações sobre a terra; tem compaixão desses homens proscritos que são pisoteados como esterco sobre a terra!


Levanta, e ajuda esses que não têm quem os ajude, cujo sangue é espalhado sobre a terra como água! Esses também não são trabalho de tuas próprias mãos, a aquisição do sangue de teu filho? Encoraja-os a clamar junto a ti, na terra de seu cativeiro; e permite que a queixa deles chegue até diante de ti; permite que ela entre pelos teus ouvidos! Faze mesmo aqueles que os aprisiona apiedarem-se deles, e transforma o cativeiro deles como os rios, no sul. Oh! Estoura todos os grilhões, em duas partes; mais especialmente, as correntes de seus pecados! Tu, Salvador de todos, faze com que eles sejam livres, que eles possam ser livres, realmente!


Tradução: Izilda Bela


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