A. W. Tozer
A Absoluta Importância do Motivo
Autor: A. W. Tozer
A prova pela qual toda conduta será finalmente julgada é o motivo. Como a
água não pode subir mais alto do que o nível da sua fonte, assim a qualidade
moral de um acto nunca pode ser mais elevada do que o motivo que o inspira. Por
esta razão, nenhum acto procedente de um motivo mau pode ser bom, ainda que
algum bem pareça resultar dele. Toda ação praticada por ira ou desrespeito, por
exemplo, ver-se-á, afinal, que foi praticada em favor do inimigo e contra o
reino de Deus.
Infelizmente, a actividade religiosa possui tal natureza,
que muito desse tipo de actividade pode ser realizado por motivos maus, como a
raiva, a inveja, a ambição, a vaidade e a avareza. Toda actividade desse tipo é
essencialmente má e como tal será avaliada no Julgamento.
Nesta questão de motivos, como em muitas outras, os fariseus dão-nos exemplos claros. Eles continuam sendo o mais triste fracasso religioso do mundo, não por causa de erro doutrinário, nem porque eram pessoas de vida abertamente dissoluta. Todo o problema deles estava na qualidade dos seus motivos religiosos. Oravam, mas para serem ouvidos pelos homens, e, deste modo, o seu motivo arruinava as suas orações e as tornava inúteis e, realmente, más. Contribuíam para o serviço do templo, porém, às vezes, o faziam para escapar do seu dever para com os seus pais, e isto era um mal, um pecado. Os fariseus condenavam o pecado e se levantavam contra ele, quando o viam-nos outros, mas o faziam motivados por sua justiça própria e por sua dureza de coração. Isso caracterizava quase tudo o que faziam. Suas actividades eram cercadas por aparência de santidade; e essas mesmas atividades, se fossem realizadas por motivos puros, seriam boas e louváveis. Toda a fraqueza dos fariseus estava na qualidade dos seus motivos.
Isto não é uma coisa insignificante — é o que podemos
concluir do fato de que aqueles religiosos formais e ortodoxos continuaram em
sua cegueira, até que finalmente crucificaram o Senhor da glória, sem qualquer
noção da gravidade do seu crime.
Atos religiosos praticados por motivos vis são duplamente maus — maus em si mesmos e maus porque são praticados em nome de Deus. Isto equivale a pecar em nome dAquele Ser que é impecável, a mentir em nome dAquele que não pode mentir e a odiar em nome dAquele cuja natureza é amor.
Os crentes, especialmente os muito activos,
freqüentemente devem separar tempo para sondar a sua alma, a fim de
certificarem-se dos seus motivos. Muito solo é cantado para exibição; muitos
sermões são pregados para mostrar talento; muitas igrejas são fundadas como um
insulto contra outra igreja. Mesmo a atividade missionária pode tornar-se
competitiva, e a conquista de almas pode degenerar, tornando-se uma espécie de
marketing eclesiástico, para satisfazer a carne. Não esqueçam: os fariseus eram
grandes missionários, e rodeavam o mar e a terra para fazer um converso.
Um bom modo de evitar a armadilha da atividade religiosa
vazia é comparecer diante de Deus, sempre que possível, com a nossa Bíblia
aberta em 1 Coríntios 13. Esta passagem, embora seja considerada uma das mais
belas da Bíblia, é também uma das mais severas dentre as que se acham nas
Escrituras Sagradas. O apóstolo toma o serviço religioso mais elevado e o
consigna à futilidade, se não for motivado pelo amor. Sem amor, profetas,
mestres, oradores, filantropos e mártires são despedidos sem recompensas.
Resumindo, podemos dizer que, aos olhos de Deus, somos
julgados não tanto pelo que fazemos e sim por nossos motivos para fazê-lo. Não
“o quê” mas “por quê” será a pergunta importante que ouviremos, quando nós,
crentes, comparecermos no tribunal, a fim de prestarmos contas dos atos
praticados enquanto estávamos no corpo.
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